terça-feira, 14 de abril de 2015

Você controla sua mente, ou sua mente controla você?

Você controla sua mente, ou sua mente controla você?
Você não consegue pegar no sono porque sua mente não relaxa e é constantemente bombardeada por pensamentos intrusos? Procura se atualizar com as informações importantes do momento, mas parece que está sempre perdendo alguma coisa? Sente angústia pela sensação de que as 24 horas do dia não serão suficientes para realizar todos os seus afazeres?

Esta é a hora de você repensar seu estilo de vida e identificar o que pode ser melhorado.

Desde os primórdios da humanidade, vivemos sob pressão, o homem primitivo se protegia dos predadores para poder sobreviver. A pressão exercida pelo meio em que vivemos pode ser produtiva, quando funciona como uma ferramenta de evolução. Mas, quando os sintomas citados acima tornam-se uma constante em sua vida é o momento de refletir: Até que ponto essa pressão é suportável? Quais ações você pode utilizar para minimizá-la?

O agitado estilo de vida moderno é composto por uma grande quantidade de responsabilidades. No trabalho, somos avaliados constantemente, tarefas, metas, prazos, e a necessidade de desenvolvimento contínuo, trazem como mensagem subliminar: ou você se adapta ou ficará ameaçado pela possibilidade de demissão. No âmbito familiar, também sentimos o peso da responsabilidade, falhas cometidas nesta área podem trazer consequências irreversíveis, como o divórcio, ou a perda de intimidade com os filhos devido à sua ausência gerada pelo excesso de ocupações.

Seja na esfera profissional, familiar ou social, ninguém quer ficar para “trás”, logo existe uma urgência em estarmos sempre atualizados e produzindo resultados. Na ilusão de que absorver o maior volume de informações significa ter mais chances de controle e sucesso, diariamente assimilamos uma avalanche de dados desnecessários.

A ansiedade gerada por esse padrão de comportamento desencadeia um nível de cobrança interno difícil de ser administrado. Apesar de ser considerado normal nos dias de hoje, o excesso de informações recebidas através da comunicação global conectada, prejudica a saúde mental do ser humano. Esse tipo de pressão não é saudável nem produtivo.

Você controla sua mente, ou sua mente controla você? Tem notado que sua paciência está fora de controle? Observa falhas em sua memória? A exaustão mental pode ser a causa deste desconforto, seu reflexo no comportamento humano é a impaciência, a falta de concentração e criatividade. A mente agitada é um indício do distúrbio de ansiedade, esta é a doença psicológica mais comum da era tecnológica. Caso você tenha se identificado com os sintomas descritos neste artigo, procure esvaziar e acalmar sua mente. Se você não conseguir fazer isso sozinho, procure um profissional de confiança para o início de um tratamento adequado.

Na realidade, para atuar produtivamente na vida é preciso ter foco. Estar com a mente super lotada de informações desencadeia a confusão mental, causando um gasto excessivo de energia psíquica e inviabilizando resultados. A paz mental precisa ser cultivada, pois estratégias de ação eficientes só podem ser produzidas através do uso da lucidez.

Selecione as informações que irão entrar em sua mente, atualize-se apenas sobre áreas que são realmente importantes para você, não tente saber tudo sobre tudo. Evite ficar conectado à internet o tempo todo. Seu cérebro precisará de tempo e energia para processar informações irrelevantes, as quais funcionarão como poluentes para sua capacidade de discernimento.

Busque fazer atividades que beneficiem a sua saúde mental. Desfrute do prazer de escutar uma música relaxante. Realize exercícios de respiração, yoga ou meditação. Faça caminhadas ao ar livre e contemple a beleza da natureza. Reserve um tempo para buscar o seu equilíbrio interior e revigorar suas energias. Desenvolva pelos menos um desses hábitos e pratique diariamente, sua qualidade de vida irá aumentar, e sua mente funcionará com mais harmonia e precisão.

NÃO ADIANTA FUGIR, NEM MENTIR PRA SI MESMO



Esta é a minha frase favorita da letra de Nelson Motta na música composta por Lulu Santos “Como uma Onda”. Usando a metáfora das ondas no mar, a música fala sobre a mudança constante que vivemos, mostrando como nada é permanente. Nesta frase, ela nos lembra do medo que temos das mudanças dizendo que não adianta tentar se esquivar e acrescenta que “agora há tanta vida lá fora, aqui dentro, sempre, como uma onda no mar”.

Esta feliz associação da impermanência com a vida em sua plenitude, desafia nosso medo e nossa tentativa ilusória de manter as coisas como se elas não fossem mudar, e também nos mostra que este movimento de constante mudança é a própria beleza da vida.

Talvez gostaríamos que a vida fosse como aquelas estórias que nos contavam quando éramos crianças que terminavam em “e foram felizes para sempre”. Mas as coisas não são assim. E se formos observar o desenrolar de tudo que vivemos, veremos que quanto mais nos apegamos a esta falsa noção de felicidade e segurança mais criamos as condições para sofrermos.

“Não adianta fugir, nem mentir”. A mudança é a realidade de nossas vidas e não aceitar este fato é perder a oportunidade de ver que “há tanta vida lá fora, aqui dentro, sempre”. Mudança é vida mesmo quando ela implica em profundas perdas que nos chegam, até mesmo, como morte. Vivemos nesta contínua experiência de nascer e morrer a cada instante, na maioria das vezes suave e invisível, mas em outras tremendamente forte e chocante. Se conseguirmos nos familiarizar previamente e compreender esta realidade, poderemos lidar com as mudanças de forma mais lúcida, menos sofredora e diria até que vibrante.

Na verdade, não é difícil entender que as coisas mudam. O problema começa quando não queremos permitir as mudanças das coisas e procuramos fazer com que as situações sigam segundo nossos desejos. Esta dificuldade surge porque não realizamos emocionalmente a sabedoria da impermanência. E o que nos impede disto é o apego emocional. Para lidar com este apego é preciso um trabalho maior consigo mesmo, onde o nosso entendimento intelectual da impermanência penetre cada vez mais nossas experiências emocionais. Com a devida prática podemos alcançar uma tremenda liberdade diante das mudanças, não resistindo mais aos movimentos da vida, assim como um surfista que ganha a habilidade (e a alegria) de surfar uma grande onda, dançando no seu movimento, mesmo com todos os riscos que isto implica.

O primeiro passo para desenvolver esta habilidade emocional é não negar a impermanência, não tentar colocar ela debaixo do tapete e olhar para o outro lado. Muito pelo contrário, devemos contemplar a impermanência nas menores coisas possíveis e nos familiarizar com sua realidade permeando tudo a todo instante. Quanto mais nos familiarizarmos com este processo mais saberemos nos tornar destemidos e tranquilos com todas as mudanças que podemos passar.
Você pode perguntar se tem que fazer isso até mesmo com as coisas boas que está vivendo. E eu diria que principalmente com elas. São as situações boas que vivenciamos sem a sabedoria da impermanência que nos causam sofrimento quando elas acabam. Contemplar a impermanência nos faz perceber que toda esta solidez e realidade que damos às coisas e às experiências não têm fundamento. Tudo neste mundo como objetos, pessoas, sentimentos e pensamentos são fenômenos que surgem, ficam por um tempo e, depois, desaparecem. E não é muito inteligente colocar nossa confiança e suporte em coisas assim.

Pode parecer desalentador perceber isso e podemos achar que pensar desta forma vai nos tirar o prazer de viver. Mas, por exemplo, nós nos dispomos a ir ao cinema e nos emocionarmos com as alegrias, tristezas, excitações e tensões de um filme, sabendo que aquilo é apenas um filme e mesmo assim não deixamos de sentir estas emoções. E nós nos permitimos vivenciar isto porque nossa base existencial não está fundamentada no que se passa na tela, sabemos que aquilo não tem realidade e que não pode nos afetar verdadeiramente. E, cientes disso, além de nos divertirmos bastante, muitas vezes, após o filme ainda nos vemos profundamente influenciados pelo que assistimos.
Na medida em que contemplamos e meditamos na impermanência podemos descobrir que em meio a todo este movimento e instabilidade, há algo que está sempre presente: a lucidez de nossa mente livre. Quando libertamos nossa mente das ilusões sobre a realidade das coisas, descobrimos esta lucidez que explora destemidamente todo tipo de experiência.
Sem esta lucidez somos como um passarinho que vive numa gaiola com a porta aberta e que, por medo, não consegue sair. Sem esta lucidez somos como alguém que esqueceu que entrou numa sala de cinema e está apenas vendo um filme. E que, ao se identificar com a estória, os personagens e o ambiente do filme, acaba aprisionado pelas suas emoções diante dos acontecimentos que surgem da mágica exibição de luz e sombra, achando que esta é sua única realidade.

ALEXANDRE SAIORO ministra para grupos e empresas o Programa de Redução do Estresse - A Arte do Estresse - baseado em metodologias utilizadas na área de desenvolvimento humano e organizacional e em métodos de meditação e contemplação da tradição budista.

 http://a-arte-do-estresse.blogspot.com/

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